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3 de maio de 2021

Texto originalmente publicado pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN).

Possível síndrome envolve também dificuldade de concentração, problemas para executar tarefas habituais e lentidão de raciocínio

Doença nova, ainda por ser desvendada em detalhes, a covid-19 intriga médicos e cientistas pela extensão do comprometimento que pode impor ao paciente infectado pelo coronavírus. Uma das sequelas estudadas é o que, em inglês, vem sendo referido como brain fog (névoa cerebral), condição que envolve perda da memória recente, dificuldade de concentração e de execução de tarefas habituais e lentidão de raciocínio.

Essa “neblina” que atrapalha o cérebro pode estar ligada a uma série de outros sintomas, configurando o que alguns autores já chamam, na literatura científica, de síndrome inflamatória multissistêmica do adulto. Trata-se de uma inflamação em diversos órgãos (daí o termo multissistêmica) — incluindo o sistema nervoso central — provocada pelo vírus, acarretando alterações cognitivas, cansaço, falta de ar e dores pelo corpo.

Membro da Sociedade Rio-Grandense de Infectologia, a infectologista Andréa Dal Bó explica que pode ocorrer dificuldade para realizar atividades a que as pessoas estavam plenamente acostumadas antes de adoecer, como cozinhar.

— Já atendi pacientes com queixas como “tenho ficado esquecido”, “tenho esquecido de coisas corriqueiras que eu tinha o hábito de fazer e agora não consigo” — relata Andréa. — É tudo muito recente, agora que está sendo estudado — acrescenta.

No início da pandemia, quadros desse tipo eram associados a doentes em estado grave, que haviam passado por internação hospitalar e sofrido comprometimento da função respiratória que exigira entubação (conexão a um aparelho de ventilação mecânica), com a ocorrência de uma possível falta de oxigenação no cérebro. Agora, entretanto, sabe-se que indivíduos que desenvolvem formas mais leves da covid-19 também podem apresentar esses sinais persistentes.

— Não temos tratamento para isso nem sabemos quanto tempo dura — comenta a infectologista. — A síndrome tem um atraso de uns meses, não vem logo depois da doença.

Sheila Martins, chefe do Serviço de Neurologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, observa que os pacientes que desenvolvem quadros mais severos da covid-19 demoram mais para se restabelecer se comparados com doentes que padecem de outras enfermidades internados por igual período em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI):

— Resolvido o problema pulmonar, eles demoram para acordar da sedação e ficam muito mais lentificados. Têm prostração, humor deprimido, dificuldade de recuperar movimentos e interação.

A neurologista tem atendido casos em que houve abalo na memória referente a acontecimentos do dia ou da véspera. Apesar do longo período para estabilização e melhora, os pacientes conseguem se reabilitar.

— Pode demorar mais, mas temos pacientes lá do início da pandemia que recuperaram a parte cognitiva — atesta a médica.

Fonte:

Jornal Zero Hora.

Site da Academia Brasileira de Neurologia (ABN): https://www.abneuro.org.br

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