Autismo na infância: acompanhamento, sinais, entre outros aspectos
Visando contribuir com a divulgação de conteúdo sobre autismo, iniciamos, neste mês de abril, a produção de uma série de material sobre o tema. Buscamos produzir conteúdo que fale sobre as pessoas com autismo. Para dar continuidade, apresentamos esse artigo escrito por nossa psicóloga Natasha Shelei Araújo, o artigo permite um mergulho em um conteúdo informativo que explora a jornada das crianças autistas, sendo que nosso objetivo é fornecer um conhecimento embasado e atualizado para profissionais, familiares e comunidade em geral.
“Os autistas são como as borboletas, o processo da metamorfose Seja lento ou acelerado, não altera sua beleza Eles não se restringem, voam livres, leves e soltos Sim, são diferentes dos outros, possuem o seu próprio voo” – Letícia Butterfield
O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento, que pode ser definido por prejuízos persistentes na interação social, comunicação e na vida comportamental, que limitam o funcionamento geral do sujeito. Do TEA, atualmente faz parte o Transtorno Autista, a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento.
Segundo o Instituto de Inclusão do Brasil, o DSM V (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) publicado em 2013, classifica para o diagnóstico de TEA dois aspectos gerais: “Prejuízos persistentes na comunicação social e interação; E padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades”. As características citadas acima, devem estar presentes no período inicial da vida do sujeito e trazer prejuízos sociais significativos na vida do indivíduo. O TEA se apresenta em três subcategorias, o que faz com que portadores desse transtorno apresentam limitações que podem variar de acordo com seu grau de comprometimento.
De forma geral, a interação no TEA ocorre de forma disfuncional, a criança apresenta pouca resposta ao ambiente mesmo quando estimulada, demonstrando também baixo interesse entre pares. Há dificuldade em manter ou estabelecer contato visual. Quando bebe, é esperado que crianças em torno de 3 meses já sejam capazes de estabelecer contato visual com o cuidador, e a falta desse contato, pode apresentar indícios comportamentais para o diagnóstico de TEA.
O contato pessoal é feito de maneira inadequada ou inapropriada. Há dificuldade em manter e compreender relacionamentos, assim como no ajuste de comportamento aos meios sociais É comum que crianças com TEA apresentam dificuldade em estabelecer brincadeiras coletivas, pois há uma limitação no entendimento no que diz a respeito de limites de espaço pessoal ou limites das regras das brincadeiras propostas. Os prejuízos na compreensão das normas sociais traz déficits nas relações interpessoais portadoras de TEA.
Os prejuízos na linguagem não verbal ocorrem, e portadores de TEA podem apresentar falta de expressão facial ou expressões faciais que não condizem com os sentimentos ou emoções. Há uma dificuldade de integração na comunicação corporal ou gestual em relação à comunicação verbal. No TEA também é comum o atraso da linguagem, já que o processo de interação social com o outro ocorre de modo anormal, e geralmente aparece como indício de possível diagnóstico de TEA.
Uma criança com o diagnóstico de TEA é muito propensa a sofrer algum tipo de discriminação por parte de outras crianças, até mesmo por apresentarem padrões rigidos e fixos em seu comportamento que podem levar a exclusão. A criança TEA pode demonstrar apego a rituais e rotina fixos, inflexibilidade no pensamento e pouca abertura para aceitar novas formas de agir. Ou demonstrarem ainda, interesses fixos em um mesmo assunto ou objeto. O brincar pode se mostrar de maneira repetitiva e estereotipada, e em casos de maior grau de comprometimento do sujeito, a criança apresenta dificuldade em atribuir função ao brinquedo.
Outros padrões comportamentais repetitivos que estão presentes no diagnóstico de TEA são: falas (ecolalia) e discurso repetitivos, movimentos não comuns estereotipados (como balançar uma parte do corpo, em especial quando estão mais agitadas por exemplo), sensibilidade aos sons, cheiros e texturas.
Os sintomas em TEA geralmente aparecem no primeiro ano de vida, e quem normalmente nota algum tipo de comportamento anormal na criança são os próprios pais. No diagnóstico de TEA não existe a presença de exame que detecta a presença deste transtorno, o que muitas vezes dificulta a descoberta do diagnóstico. Crianças portadores de TEA podem apresentar limitações diferentes, e podem demonstrar menos dificuldade para lidar com o meio social do que outras igualmente portadoras desse transtorno.
É muito importante que os pais fiquem atentos aos sinais comportamentais que a criança apresenta, pois quando mais cedo o diagnóstico for realizado, mais rápido ocorrerão as intervenções necessárias. Os pais podem observar como essa criança interage em seu ambiente familiar, por exemplo se ela consegue ter contato visual, se existe atraso para andar ou para falar. No TEA não existe cura, porém existem tratamentos que podem ser realizados que devem ter como finalidade possibilitar maior qualidade de vida e adaptação aos meios sociais no qual é inserido.
O trabalho interventivo se faz necessário neste transtorno, uma vez que adequada as terapias ao diagnóstico, mais probabilidade que essa criança tem de desenvolver seu potencial. Unir terapias com as dificuldades apresentada pela criança permite que a mesma se desenvolva, e possibilita o convívio saudável aos ambientes em que a criança está inserida.
O trabalho da equipe multidisciplinar permite um trabalho efetivo junto com a criança, pais e escola promovendo orientação necessária para melhora do quadro. A equipe multidisciplinar neste caso pode ser composta da presença de: Terapia Ocupacional para melhor trabalhar a inserção social do sujeito, e promover auxílio nas limitações das atividades diárias; Fonoaudiologia para lidar com as questões da linguagem; Psicoterapia para lidar com as questões emocionais e comportamentos disfuncionais e adequamento ao convívio social, visando a promoção de maior independência e autonomia para a criança TEA.
Texto Escrito por nossa Psicóloga :
Natasha Shelei Araújo