Avaliação Neuropsicológica – Vídeo Aelius integrante da campanha para celebrar o Abril Azul.
As queixas advindas de divergências entre expectativas e resultados obtidos, leva à busca da identificação de suas causas e de intervenções que eliminem ou reduzam os prejuízos delas decorrentes. Algumas situações tornam as divergências foco de preocupação, geralmente quando elas indicam prejuízos laborais, acadêmicos e/ou interpessoais.
Este artigo abordará uma das etapas que constitui a investigação das queixas associadas ao funcionamento neurocognitivo, ou seja, tratará da avaliação neuropsicológica que é uma etapa do processo diagnóstico das disfunções neurocognitivas. Ressalta-se que é parte exigida nos casos de suspeita de transtornos do espectro autista (TEA), problemas de aprendizagem, queixas de hiperatividade, queixas diversas das funções cognitivas, entre outras.
Para realização da avaliação são utilizados instrumentos padronizados, que fornecem dados normatizados da população, segundo cada faixa etária. Eles são produzidos a partir de extenso trabalho de pesquisa, junto aos grupos de interesse e de acordo com referenciais teóricos. Assim, servem para indicar o quanto o comportamento mensurado está ou não de acordo com a média. Servem também de referência na hora da análise dos dados e conclusão acerca da queixa.
Quanto ao planejamento, a avaliação é estruturada de acordo com três eixos guias (desenvolvimento, cognição e comportamento) e abrange toda a vida humana, levando em consideração as fases do desenvolvimento, infância e adolescência, a vida adulta e a terceira idade. Para cada uma das etapas, há referenciais teóricos que caracterizam as condições da pessoa no dado momento da vida ou período existencial e de acordo com as queixas apresentadas.
Os três eixos a que me refiro e que estruturam a avaliação, visam direcionar a investigação de modo a obter informações do comportamento interativo, nos âmbito familiar, escolar/social e a observação do comportamento em interação com o avaliador em ambiente semi-estruturado.
A mensuração das habilidades neurocognitivas integra a avaliação e consiste na identificação do desempenho diante da aplicação de instrumentos psicológicos que medem entre outras a capacidade de memória, atenção e concentração, velocidade de processamento, raciocínio, funções executivas e tendo como referência a queixa apresentada. Nesta etapa também se avalia o quadro clínico para descartar possíveis interferências no funcionamento cognitivo.
Nos casos de suspeita de transtorno do espectro autista, bem como nos demais casos de suspeitas de transtornos do neurodesenvolvimento, é indispensável incluir instrumentos que investigam o neurodesenvolvimento infantil, escalas de investigação de indicadores de sinais do espectro e demais instrumentos de acordo com cada situação apresentada.
Na terceira etapa, o foco é a história da vida do avaliando, o seu desenvolvimento que se estende do momento da gravidez aos dias da avaliação. Identifica-se as condições que envolveram a gravidez, o nascimento e os marcos do desenvolvimento infantil, como se deram, se algum ocorreu fora do esperado para cada etapa da infância.
Cada etapa do desenvolvimento humano é marcada por condições e necessidades específicas, assim no momento de planejar a avaliação, o profissional deve ter isto como referência e fazer a seleção dos seus instrumentos de acordo com a idade da pessoa que será avaliada e também segundo a queixa trazida pelos seus responsáveis.
O planejamento da avaliação também deve levar em conta a infância e adolescência, a fase adulta e a terceira idade, como sendo períodos do desenvolvimento com características específicas que exigem olhar adequado a cada condição e queixas específicas.
No caso de crianças e adolescentes, as queixas mais frequentes estão no campo da avaliação de dificuldades escolares, déficits no desenvolvimento, suspeita de TEA, ou suspeita de atraso global do desenvolvimento, problemas de linguagem entre outros. Portanto, os instrumentos a serem utilizados, nos casos de avaliação infantil, devem ser selecionados visando identificar as habilidades de acordo com as condições do desenvolvimento e o que avalia cada instrumento, levando em conta a faixa etária a que se destina.
A avaliação nos casos de jovens e adultos, as demandas têm como motivadores, prejuízos laborais e acadêmicos ou são motivados por limitação de habilidades geradas por eventos externos que produzem perdas cognitivas e que resultam em disfunções na vida diária.
Vale ressaltar que a avaliação neuropsicológica não encerra em si a investigação das queixas apresentadas, no entanto, é o maior conjunto de informações agrupadas em um só documento sobre a pessoa em avaliação, nos campos da cognição, desenvolvimento e do comportamento daí sua importância. Oferecer informações sobre as habilidades que se encontram rebaixadas e auxiliar no planejamento das intervenções a serem realizadas, constituem os principais objetivos de uma avaliação.
Por fim, a avaliação tem como propósito classificar o desempenho geral e também das diversas funções cognitivas de forma específica, proporcionando um relatório descritivo das habilidades e limitações do avaliado. O referencial médio é estabelecido de acordo com o funcionamento do grupo, no entanto, não se encerra aí, a identificação do funcionamento por habilidades específicas permite que o suporte ocorra de acordo com a necessidade cada e não sejam ignorados os potenciais existentes.
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Texto Escrito por nosso diretor clínico:
José Magnos
Confira mais sobre o assunto no vídeo com nosso diretor clínico: